segunda-feira, 2 de maio de 2011

Todo pintado

Jonas, 6 anos, branco, procedente de Paulista (PE), é levado a serviço de pronto-atendimento pela sua genitora por terem surgido “carocinhos” vermelhos pelo corpo ha-via dois dias. Dois dias antes, começara a apresentar febre (38,0 – 38,5 oC) e dor de gar-ganta. O médico que o atendeu percebeu linfonodos de cadeias cervicais com 2 cm de diâmetro, dolorosos à palpação. Notou ainda a presença de máculas e pápulas eritemato-sas em face, pescoço, tronco e raiz de membros. Hiperemia de orofaringe com hipertrofia de tonsilas, sem exsudato. O restante do exame estava normal.

12 comentários:

  1. Hipóteses Diagnósticas:

    Mononucleose
    Sarampo
    Rubéola
    Escarlatina
    Eritema Infeccioso
    Farmacodermia

    Objetivos:

    Diagnóstico Diferencial das Doenças Exantemáticas

    Diagnóstico Diferencial das Doenças Máculo-Papulares

    Exantema na Varicela

    Fisiopatogenia da Escarlatina

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  2. Alguns estudos demonstram como é difícil a diferenciação entre um quadro faringoamigdaliano de origem viral e de origem bacteriana. Sendo o Streptoccus pyogenes (o responsável pela escarlatina) o principal agente da amigdalite bacteriana, a realização de seu teste rápido é muito importante. O estudo sugere que a cultura de orofaringe seja realizada apenas quando o teste rápido der negativo.
    “O uso de métodos microbiológicos para detecção de S. pyogenes é indispensável para o diagnóstico de faringoamidalite e reduz o uso de antibiótico desnecessário nesta doença.”
    “A cultura de orofaringe é o exame padrão-ouro para o diagnóstico da faringoamidalite estreptocócica1,2,6,10,11. O teste rápido para S. pyogenes, quando disponível, deve ser utilizado. Sua sensibilidade é bastante variável (62 a 87%), dependendo do estudo clínico realizado e do modo como é colhido. Sua especificidade é alta, geralmente acima de 95%11. Porém, o alto custo deste método diagnóstico ainda dificulta a sua indicação de rotina na prática médica em nosso país.”.

    http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/html/1296/body/artigos_31_5.html

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-86702003000500003

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  3. pelo que eu estudei aqui, o paciente tem um quadro muito sugestivo de rubeola, já que é uma doenca exantemática, que cursa com linfoadenopatia (no caso tem em linfonodo cervical), alem disso as manchas, na rubeola, iniciam na face, pescoco, tronco assim como no paciente!
    gostaria de ver um hemograma do paciente.

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  4. Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica, o nosso paciente pode ser enquadrado como caso suspeito de rubéola: apresenta febre e exantema máculo-papular, acompanhado de linfoadenopatia cervical. Porém, como se tratam de sintomas inespecíficos, temos que continuar considerando os outros diagnósticos.

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  5. Um dos objetivos foi Diagnóstico Diferencial das Doenças Exantemáticas.
    - Sarampo (1ª moléstia)
    - Escarlatina (2ª moléstia)
    - Rubéola (3ª moléstia)
    - Meningococcemia
    - Eritema Infeccioso (5ª moléstia)
    - Exantema Súbito (6ª moléstia)
    - Dengue
    - Síndrome da Pele Escaldada Estafilocócica
    - Toxoplasmose
    - Enterovirose
    - Mononucleose Infecciosa
    - Exantemas Tóxicos
    - Eritema Solar
    - Miliária
    - Erupções por drogas (Farmacodermias)
    - Febre Maculosa

    Melhor não falar de cada um (por motivo óbvio: é muita coisa). To colocando só o que eu achei mais parecido, que foi a escarlatina (não tirem onda, realmente eu achei que parece)
    "ESCARLATINA: A erupção geralmente ocorre 12 a 48 horas após o inicio com febre e amigdalite eritematosa intensa." Foi como aconteceu com Jonas.
    As outras o artigo caracteriza, acho que vale a pena dar uma lida, tá bem direto e ele fala de peculiaridades que, a meu ver, não parecem tanto com o padrão exantemático do pcte...
    O que eu vi de rubéola, fala muito em manchas róseas ou purpúricas no véu do palato e na parte posterior da abóboda palatina, que o pcte não tem. Aí não sei, mas acho que não é...

    Fonte:Diagnóstico Diferencial das Doenças Exantemáticas - Trabalho revisto e aprovado pelo Comitê de Infectologia da SOPERJ - Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.sierj.org.br/artigo_cientifico/2006/recente.htm

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  6. Falando sobre exantema maculopapular.......
    É a manifestção cutânea mais comum nas doenças infecciosas sistêmcias. Os vírus são os agentes infeccisos mais comumente associados com esse tipo de exantema, porém bactérias (febre tifóide, brucelose, sífilis), parasitas (toxoplasmose) e micoplasma podem apresentá-lo.
    Na escarlatina o exantema tem características diferentes, com pápulas de dimensões muito reduzidas e textura áspera, sendo denominado micropapular.

    (Veronesi, R. Tratado de Infectologia,3a ed.)

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  7. Exantema na Varicela......
    O período exantemático dura cinco dias, e
    geralmente é a primeira manifestação da varicela. O exantema é multiforme iniciando com mácula → pápula → vesícula → crosta, sendo uma evolução rápida, em questão de horas, sendo assim considerado uma erupção praticamente polimorfa e simultânea. As vesículas são superficiais com halo eritematoso. Inicia-se no tronco
    disseminando-se para pescoço, face e segmentos proximais dos membros. O prurido é moderado a intenso. As vesículas caracteristicamente são umbilicadas e rompe-se em horas, formando crostas.

    (M. Zanini. Varicela atípica em adulto jovem. Med Cutan Iber Lat Am 2008;36(5):256-258)

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  8. Uma das moléstias que devemos considerar é o Exantema Súbito.

    O HHV-6 é o vírus causador dessa doença e que é frequentemente esquecida como diagnóstico diferencial das doenças exantemáticas.

    Ela acomete principalmente crianças entre 6 e 17 meses de idades - claro que isso não excluí o caso de Jonas.

    Outro ponto importante do exantema súbito é a febre, que geralmente é maior que 38,5º - outro ponto contra, mas não é fator para excluir.

    Quando analisamos o exantema, vemos que o que aconteceu com Jonas é uma das características da doença.

    Já a linfoadenopatia, no artigo que li, apareceu somente em 34% dos doentes.

    O diagnóstico clínico dessa afecção é extremamente "ruim". Sendo assim, a única opção é o diagnóstico serológico através da IgG.

    Fonte: The Pediatric Infectious Disease Journal • Volume 27, Number 6, June 2008

    link: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18449066

    OBS: precisa do proxy da upe para entrar!

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  9. não esquecer que na escarlatina temos a lingua em framboesa

    fonte:
    O que você precisa saber sobre Escarlatina

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  10. Algumas informações úteis sobre a patogenia da Escarlatina:
    Os estreptococos do grupo A ou S pyogenes são considerados as espécies mais patogênicas dos estreptococos beta-hemolíticos. Os estreptococos do grupo A são a mais freqüente causa de faringite e amigdalite, especialmente em escolares entre 5 e 15 anos. O aumento dos linfonodos da cadeia cervical anterior é comum. Quando a cepa infectante produz a toxina eritrogêncica, a escarlatina pode aparecer como complicação da faringite estreptocócica. Surge exantema maculo-papular, conferindo a pele sensação áspera.Nas dobras cutâneas, observam-se linhas de vermelho profundo, onde o exantema se acentua. Nos cotovelos e joelhos podem surgir petéquias e equimoses, em virtude da fragilidade capilar.As toxinas são responsáveis pelo eritema da escarlatina.Há pelo menos 5 tipos diferentes de toxinas, produzindo efeitos pirogenicos e estimulando a proliferação de linfócitos T e produção de citocinas.

    Como disse Candice, a Escarlatina proveniente de complicação de faringite estreptocócica parece ser dentre as hipóteses, a que mais se encaixa com o quadro...Mas vamos comentar...

    As fontes são o Patologia de Robbins e o Atualização Terapêutica.

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  11. Pessoal, tava estudando eritema infeccioso, que foi uma das hipóteses. Vi q a idade do nosso pcte é compatível com a idade mais acometida (2-14 anos). Essa dça é causada pelo Parvovírus B 19 e tem a via respiratória como principal meio de transmissão. Nesta dça o mais comum é que ocorra febre baixa, e outros sintomas inespecíficos, que precedem o rash (este é um exantema maculopapular, simétrico e, em geral, pruriginoso). Um sinal importante desta dça são as bochechas vermelhas (“esbofeteadas”) e a recorrência do exantema após o seu “sumiço”. Não vi referências sobre acometimento orofaríngeo ou adenomegalias (que Jonas apresentou), além disso Jonas são tem prurido nem esse sinal da bochecha. O DX definitivo desta dça é pela dosagem do IgM ou PCR e o tto é sintomático (em geral). Apesar de ser um diagnóstico diferencial das doenças exatemáticas, acho que não está se encaixando bem no nosso caso...

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