domingo, 29 de maio de 2011

Caso 14 – Plantão puxado

Consultório 1 – Fúlvio, 32 anos, professor universitário, há 3 dias apresenta febre de 39oC, expectoração purulenta, dor ventilatório-dependente na base do hemitórax esquerdo. Nega dor de garganta, dispneia, nega náuseas ou vômitos, disúria ou polaciúria. Ao exame físico: PA= 120x80 mmHg, FC= 100 bpm, FR= 26 ipm, T=38oC. Percussão com submacicez na base do hemitórax esquerdo e ausculta com crepitantes na mesma região.
Consultório 2 - Salete, 27 anos, técnica administrativa, está há 6 dias com dor no hemitórax direito e febre de 38oC. Tosse frequente com expectoração amarelada. Referindo dispneia e vômitos (vomitou 3 vezes nas últimas 8 horas). Está gestante na 26ª semana. Nega queixas urinárias. Ao exame: T= 37,5oC, PA= 90x60 mmHg, FC=102 bpm, FR=32 ipm. Ao exame: roncos difusos, estertores crepitantes e subcrepitantes no terço médio do pulmão direito. ACV normal. Exame físico do abdome normal.
Exames complementares
Consultório 1 Hemograma: Hb = 13,5 Leucócitos = 20.000 ( bast. 1400 segm 14700/ Eos 0% LinfT 2800 mon 300) Plaquetas = 180 mil
Consultório 2 Hemograma: Hb= 10,5 g/Dl Leucócitos= 18.350 (bast 1116 segm14880 eos 0 linf T 2790 mon 250) Plaquetas=120 mil

7 comentários:

  1. Plantão com epidemia de Pneumonia adquirida na comunidade heim... pelo menos é o q eu acho...o diagnóstico de pneumonia exige uma comprovação radiológica, no sentido de diferenciá-la de outros quadros infecciosos do trato respiratório inferior e superior, tais como bronquites agudas e sinusites agudas, nas quais os sintomas podem ser semelhantes, porém com radiografia de tórax normal. Estes últimos casos apresentam um menor potencial de gravidade do que aqueles associado às pneumonias.
    Pedimos então um Rx de tórax...
    Para Salete é preciso tomar cuidado mas vi em um site sobre saíde fetal (Link: http://brasil.babycenter.com/pregnancy/e-seguro/radiografia/) o seguinte: "A maioria dos exames de raio X com finalidade diagnóstica (no dentista, por exemplo) não expõe o feto a níveis elevados de radiação para que haja consequências negativas. Embora tenha sido apontado que a exposição fetal a mais de 10 rads (unidade de medida para radiação absorvida) aumente os riscos de dificuldades de aprendizado e anomalias de visão, não há com o que se alarmar. É raro que radiografais diagnósticas excedam os 5 rads. Estima-se que uma radiografia do tórax exponha o feto a 60 milirads, uma do abdome a 290 e uma tomografia a 800 milirads. Para se ter uma idéia, durante os nove meses de gestação, um bebê é geralmente exposto a cerca de 100 milirads de radiação natural do Sol e da Terra. Em se falando de gravidez, no entanto, a conduta dos médicos costuma ser de adotar sempre o grau máximo de cautela. Por isso, embora os riscos ligados a radiografias diagnósticas sejam baixos, os especialistas recomendam que as gestantes adiem mesmo assim exames não-urgentes para depois do parto. Se o seu médico considerar que um raio X é necessário para algum problema específico, procure se tranquilizar, lembrando que a quantidade de radiação que o bebê receberá é provavelmente bem dentro do limite seguro".

    Então acho q poderíamos pedir para ela neh? para fazer o Dx diferencial principalmente pois vi tbm num blog de grávidas (algo nõa científico mas acho q relevante...) um número considerável de pessoas que relatavam sobre tto para pneumonia que era dado no começo para gestantes que só tinha uma bronquite porexemplo!

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  2. Como se trata de 2 casos de pneumonia adquirida na comunidade (PAC), vale a pena relembrar os principais sintomas:

    Tosse: na fase inicial ela pode ser seca ou apresentar expectoração em pequena quantidade e de aspecto mucóide, mas que evolui, frequentemente, para aspecto
    purulento;

    · Dor torácica pleurítica: é localizada, em pontada e piora com a tosse e inspiração
    profunda. Embora muito relatada, pode estar ausente em um número significativo dos casos. Nas pneumonias de base pulmonar, a dor pode ser referida no abdome ou na região escapular;

    · Dispnéia: geralmente ausente nos quadros leves. Quando presente, caracteriza sempre um quadro grave, seja pela extensão da pneumonia, seja pela presença de doenças subjacentes (pulmonares ou cardiovasculares, por exemplo);

    · Febre: está presente na maioria dos casos, a exceção de idosos debilitados e pacientes imunossuprimidos;

    · Adinamia: sintoma muito frequente na pneumonia, às vezes com prostração acentuada.

    (Pinheiro BV, Oliveira JCA, Penumonia Adquirida na Comunidade, Pneumoatual, 2010)

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  3. No atendimento inicial dos pacientes com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é importante na avaliação inicial, além do Raio x de tórax em PA e perfil, como já disse Aline no seu comentário, fazer uma oximetria de pulso para avaliarmos se há hipoxemia, pois esse é um dos critérios que podemos considerar para decidir o local de tratamento (ambulatorial ou internamento).

    Além disso, outros pontos devem ser considerados para decisão do local de tratamento:
    - condições associadas;
    - avaliação pelo CURB-65;
    - grau de compromentimento radiológico;
    - julgamento clínico.

    (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes brasileiras para penumonia adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes, 2009)

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  4. Vale lembrar o que é o CURB-65.

    É um escore de avaliação de gravidade da PAC que nos auxilia na condução dos casos.

    Os critérios avaliados são:
    C = confusão mental;
    U = uréia > 50mg/dl;
    R = frequência respiratória > ou igual a 30ipm;
    B = PAS < 90 ou PAD < ou igual a 60mmHg;
    I = idade > ou igual a 65 anos.

    Segundo as Diretrizes, cada item vale um ponto e,dessa forma, o escore vai de 0 a 5 pontos.

    (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes brasileiras para penumonia adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes, 2009)

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  5. pessoal, so lembrando, os objetivos foram: pneumonia comunitaria (tudo) e infeccao de vias aereas inferiore na gestante.

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  6. ETIOLOGIA
    Em ate 50% dos pacientes com PAC nao se consegue saber qual o germe causou a pneumonia. Dos varios estudos disponiveis chegou-se a essas conclusoes:
    -pneumococo é o germe mais frequentemente isolado, é a causa principal de PAC em todas as idades e em todas as faixas de risco.
    -pacientes nos quais a etiologia é desconhecida, uma investigacao adicinal (biopsia,PCR), mostra que pneumococo tambem é o mais frequente.
    O segundo germe dependera dos metodos diagnosticos usados, das caracteristicas do paciente e variacoes sazonais.

    >> Emergências Clínicas, Abordagem Prática 5ed - Neto, Rodrigo A. Brandão - Ed. Manole

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  7. Algumas considerações sobre a pneumonia na gravidez...

    Nos EUA, é uma das primeiras causas de doença infecciosa não obstétrica e a segunda causa de mortalidade indireta durante a gravidez seguida das doenças cardíacas.
    A imunidade celular é a primeiramente afetada nas gestantes. Redução da resposta proliferativa de linfócitos e do número relativo dos linfócitos CD -4 são observados especialmente nos segundo e terceiro trimestres da gestação.
    Está relacionada a um maior índice de morbilidade e mortalidade quando comparada a pneumonia fora do período gestacional, a mortalidade está com valores entre 5% e 10% e pode ocorrer em até 20% dos casos ajuda de ventilação mecânica invasiva.

    Alguns dos fatores de risco identificados para o desenvolvimento da
    pneumonia durante a gestação são: a complicação da asma e algumas patologias
    respiratórias e ou patologias cardíacas prévias, anemia, tabagismo, etilismo,
    tratamentos imunossupressores e infecções pelo HIV.

    Dos vários estudos efectuados, os agentes infecciosos que mais frequentemente causam pneumonia na gravidez são S pneumoniae, Haemophilus influenzae, Micoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae.

    Para o diagnóstico, a telerradiografia do tórax com protecção abdominal é imprescindível na suspeita de pneumonia.

    QUANTO A DISPNEIA:

    Na avaliação das manifestações respiratórias em mulheres grávidas, é importante considerar-se a dispnéia fisiológica da gestação. Trata-se de sintoma presente em 60 a 70% das gestantes, iniciando-se já no primeiro trimestre, momento em que as modificações mecânicas não são evidentes, nem influenciam na função ventilatória. A sensação determinada pela hiperventilação fisiológica, mediada pela progesterona, tem sido considerada como fator etiológico mais importante da dispnéia da gestação(4). O aumento do volume abdominal induz à necessidade de maior força muscular respiratória, determinando maior percepção da demanda ventilatória, resultante das alterações metabólicas própria da gestação (5). A interação daqueles fatores faz com que a maioria das gestantes manifeste o sintoma de dispnéia. A melhora do sintoma, verificada em mais de 70 % das gestantes no terceiro trimestre,

    QUANTO A ANTIBIOTICOTERAPIA:
    Penicilinas, cefalosporina, eritromicinas (exceto estolato) e clindamicina têm sido utilizados com freqüência sem relato de efeitos deletérios para a mãe ou feto. Todos os antibióticos Beta-lactâmicos são classificados como reconhecidamente seguros pelo FDA.

    Outros antibióticos estão relacionados com alta incidência de efeitos colaterais. As tetraciclinas podem causar hepatite fulminante na mãe e deformidades dentárias no neonato. Sulfas estão relacionadas com Kernicterus fetal. Aminoglicosídeos e vancomicina podem promover oto e nefrotoxicidade no feto. A utilização de cloranfenicol próximo ao termo, pode causar a síndrome do "bebe cinzento" constituída de fácies cinzenta, flacidez generalizada e cardiomiopatia.


    http://www.uva.br/cursos/graduacao/ccbs/fisioterapia_monografias/enfoque_respiratorio_gestacional.pdf

    http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/pne/v13n2/v13n2a03.pdf

    http://portal.samaritano.com.br/pt/interna.asp?page=1&idpagina=307

    Desculpem o tamanho do post!

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